[Obra de Teresa Lobo da Costa Macedo]
I
Tu julgas que eu não sofro, coitadinha,
- como és ingénua e deste mundo alheia! -
porque em meu livro apenas se adivinha
toda a ventura que a minha alma anseia.
Julguei a minha sorte tão mesquinha,
que, como bom artista, desprezei-a.
A força que descrevo não é minha,
a crença, vendo-a noutrem, cobicei-a.
Pintei não o que sou, mas meus desejos.
Sou novo e bem preciso dos teus beijos,
sou triste, necessito dum consolo.
Ó meu Amor, meu Bem, não sei mentir,
Dá-me promessas dum feliz porvir,
Deixa-me que enleie os braços no teu colo.
Novembro de 1912
II
Pintei-me forte como quero ser;
ama-me triste e débil como sou;
pois foi para adoçares meu sofrer
que a Natureza, filha , te criou.
A menor dor me custa a padecer;
tão alto o meu orgulho me levou!
Mas Deus, ao dar ao Homem a Mulher,
de todo, para sempre, o consolou:
Darei por bem empregue todo o pranto,
se tuas finas mãos forem depois
secar-me os olhos, com afago santo.
Na Vida, que ainda agora principio,
vamos, sigamos, sempre a par, os dois.
- dar-me há, na luta, o teu amor, mais brio.
I
Tu julgas que eu não sofro, coitadinha,
- como és ingénua e deste mundo alheia! -
porque em meu livro apenas se adivinha
toda a ventura que a minha alma anseia.
Julguei a minha sorte tão mesquinha,
que, como bom artista, desprezei-a.
A força que descrevo não é minha,
a crença, vendo-a noutrem, cobicei-a.
Pintei não o que sou, mas meus desejos.
Sou novo e bem preciso dos teus beijos,
sou triste, necessito dum consolo.
Ó meu Amor, meu Bem, não sei mentir,
Dá-me promessas dum feliz porvir,
Deixa-me que enleie os braços no teu colo.
Novembro de 1912
II
Pintei-me forte como quero ser;
ama-me triste e débil como sou;
pois foi para adoçares meu sofrer
que a Natureza, filha , te criou.
A menor dor me custa a padecer;
tão alto o meu orgulho me levou!
Mas Deus, ao dar ao Homem a Mulher,
de todo, para sempre, o consolou:
Darei por bem empregue todo o pranto,
se tuas finas mãos forem depois
secar-me os olhos, com afago santo.
Na Vida, que ainda agora principio,
vamos, sigamos, sempre a par, os dois.
- dar-me há, na luta, o teu amor, mais brio.
Santo Tirso, Janeiro de 1913